terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cordel Bibliotecário

Peço a Deus inspiração
Pra ditar neste papel
De alguém que faz dos livros
O mais belo painel
Em um trabalho diário
Falo do Bibliotecário
Nas minhas rimas de cordel.
 
Leitura é o universo
Que fascina multidões
Que dá asas para a vida
Nos liberta dos grilhões
Letras são seus santuários
Dos livros os guardiões.
 
Só através das leituras 
Conhecerão meus segredos
Meus sonhos, minhas vontades
Meus caminhos, meus enredos
Minhas dores e alegrias
Sorrisos e fantasias
Minhas vontades e medos
 
Com os livros são zelosos
E com eles têm ternura
Nos facilitam o acesso
Para o mundo da cultura
Uns dos livros têm ciúmes
Das frases amam os perfumes
Mas sempre amam a leitura.
 
Incentivam o leitor
Ao novo, ao desconhecido
A um mundo de palavras
E de sonho colorido
Seja homem ou mulher
Sempre descobre o que quer
O seu leitor mais querido
 
Bibliotecário com livros
Os preservam e empinham
Ao caminho dos leitores
Os seus passos sempre brilham
A leitura é seu sabor
Quando ganham um leitor
Seus olhos e alma brilham.
 
Também sempre organizam
Todos os bancos de dados
E se responsabilizam
Por tê-los classificados
Informações armazenam
E nenhum querer condenam
Todos são orientados.
 
Às vezes o seu trabalho
Tem anônimo valor
Isso ao bibliotecário
Nunca, nunca causa dor
Sua luta é ganhar leitores
Ajudar pesquisadores
No efeito multiplicador
 
Seus caminhos são preciosos
Suas ações são necessárias
Sejam biblitoecas públicas
Infantis, comunitárias
Sejam aquelas populares
Ou então as escolares
Mesmo as universitárias.
 
Tem os das bibliotecas
Que são especilizadas
Para uma área restrita
As coleções são voltadas
Novo mundo pode ver
Orientando o saber
Com pesquisas detalhadas
 
Eles que nos facilitam
O encontro da informação 
Mais do que arrumar estantes
é a total transformação
Da arte para cência
Todo dia uma experiência
Entra em seu coração.
 
Comum é os bibliotecários
Promoverem oficinas
Exposições e sessões
De leitura superfinas
Encantando com histórias
Retiradas das memórias
Os meninos e meninas.
 
E na era da Internet
Em que tudo é progresso
E nesse mundo Higt-tech
Será que eles têm ingresso?
Não  importa muito o meio
Eles ofertam o passeio
Pra todos terem acesso.
 
Mas não são somente flores
No dia dos bibliotecários
Muito trabalho estressa
E também baixos salarios
Fazer os investimentos
Para os reconhecimentos
Sempre serão necessários
 
Mas com amor vão levando
E nunca perdem o pique 
O universo da leitura
Para eles são o tique
Lutam pra que a nação
Seja justa e então
Mais harmônica ela fique
 
Vou parar o meu cordel
Com amor e alegria
Mas o verso bem rimado
Sempre, sempre prestigia
Quem adora os glossários
Salve os bibliotecários
Adeus, até outro dia
 
César Obeid (escritor cordelista)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Seja um Empreendedor na Gestão da Informação!

O mercado atual exige constante atualização técnica e de profissionais que saibam agir de forma pró-ativa, abrindo mercados, sabendo como negociar e estabelecer seus honorários.Várias categorias profissionais como Arquivistas,Bibliotecários, Museólogos etc, apesar de serem definidos como profissionais liberais (aqueles legalmente habilitados a prestação de serviços sem a necessidade de vínculo empregatício, podendo atuar como autônomos, empregados ou empregadores), utilizam pouco desta prerrogativa. Ainda hoje é comum vermos o profissional à procura de emprego, quando o correto seria ele conhecer o mercado e saber oferecer os produtos e serviços que irão garantir sua renda. O curso Empreendedorismo para Profissionais da Informação ajudará o profissional a decidir sua forma de atuação (como abrir uma empresa ou atuar como profissional autônomo), mostrando todas as etapas necessárias para se obter sucesso no mercado atual. No curso é apresentada a legislação vigente para a abertura de empresas, onde o participante é orientado sobre as vantagens/desvantagens de cada tipo, assim como é mostrada a legislação trabalhista sobre as diversas formas de contratação do profissional liberal. O curso será ministrado pelo consultor Nelson Oliveira da Silva, Bibliotecário formado pela UFRGS, com experiência como Auditor Interno da ISO 9000 e Avaliador do PGQP-RS, assim como com Biblioteca Universitária, implantação e treinamento em sistemas de automação de bibliotecas. É consultor desde 2005 e é proprietário da NS Consultoria em Gestão da Informação. A próxima edição do curso será no dia 22/10/ na Livraria Potylivros, que fica na Rua do Riachuelo, 202 - Boa Vista – Recife/PE. O horário será das 09:00 às 18:00h.Mais informações sobre o curso e inscrições podem ser feitas através do site http://nelsonoliveiradasilva.com.br/cursos/.  O Profissional da Informação não precisa se limitar às empresas públicas ou organizações de grande porte. Com as noções de empreendedorismo transmitidas no curso, os profissionais perceberão que existe muito mercado a ser explorado em sua área, basta conhecimento, preparação e vontade de vencer!

domingo, 2 de outubro de 2011

Curso "Empreendedorismo para Profissionais da Informação"

Pela 1ª vez em Recife! Dia 22/10/2011! Apenas 30 vagas! Inscreva-se já!
Saiba como atuar como profissional liberal, consultor ou abrir uma empresa prestadora de serviço, desenvolvendo atitudes empreendedoras e uma carreira de sucesso na área da Gestão da Informação.

O curso Empreendedorismo para Profissionais da Informação te ajudará a decidir sua forma de atuação, mostrando como você pode aproveitar as melhores oportunidades que o mercado oferece.

Aprenda com quem tem know-how

Nelson Oliveira da Silva é bibliotecário, atua como consultor desde 2005 e já ministrou palestras e cursos em várias regiões do país, formando profissionais atualizados com as exigências do mercado.

Acompanhe a agenda do curso

Veja as datas e locais das próximas turmas do curso de Empreendedorismo para Profissionais da Informação ou então forneça seu email e seja informado quando nosso curso estiver perto de você.
Mais informações podem ser encontradas no site http://www.nelsonoliveiradasilva.com.br/cursos.

domingo, 18 de setembro de 2011

Bibliotecas em pontos de ônibus de Brasília aumentam interesse pela leitura

Elaine Borges
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O número de bibliotecas comunitárias distribuídas em algumas paradas de ônibus da Asa Norte, em Brasília, aumentou. Até a semana passada, o brasiliense que esperava a chegada de ônibus nos pontos que vão da 712 à 716 Norte contavam com 10 prateleiras de livros para pegar emprestado, sem pagar nada.
Na última semana, foram inauguradas pelo menos mais seis dessas bibliotecas na região, completando os pontos de ônibus das quadras que começam na 710 Norte, com um total de 16 unidades.
A esteticista Maria Vilma de Souza mora em Ceilândia e trabalha na Quadra 716 Norte. Ela já pegou emprestado um livro na biblioteca montada na parada  de ônibus e gostou de saber que novas unidades estão sendo instaladas. "A biblioteca é importante porque as pessoas vão adquirindo conhecimento, vão aprendendo a ler, vão criando um hábito da leitura", afirmou.
A Organização Não Governamental (ONG) T-Bone, responsável pela iniciativa, diz que a média de empréstimos de livros chega a 600 por dia e com as novas bibliotecas, o número vai aumentar. Na opinião do fundador da ONG, Luiz Amorim, o projeto tem dado certo e a expectativa é de que até maio deste ano todas as 32 paradas de ônibus da Asa Norte tenham
uma prateleira com livros para que a população possam pegar emprestado.
"É um projeto que está dando certo, tanto que começamos com uma unidade e estamos completando 16. O benefício é primeiro o acesso fácil à cultura, livro de graça sem burocracia, é uma semente que nós estamos plantando e a gente vê que isso se replica em outras comunidades."
Os empréstimos de livros nas bibliotecas comunitárias da Asa Norte são bem superiores do que os registrados na biblioteca pública da Quadra 512 Sul, por exemplo. Lá, segundo a bibliotecária da Secretaria de Cultura, Ana Paula Oliveira, a média é de 80 livros emprestados por dia. A iniciativa de disponibilizar livros em um local mais próximo da população, sem muitas exigências burocráticas, como nos pontos de ônibus, aumenta em quase dez vezes a procura dos brasilienses por leitura.

Fonte:


sexta-feira, 27 de maio de 2011

CBL ASSINA ACORDO PARA CRIAÇÃO DO CADASTRO NACIONAL DE LIVROS

Uma importante transformação está em curso. Todos os livros em língua portuguesa em um único lugar. Acordo entre CBL e Federación de Gremio e Editores de Espanha será assinado em 24 de fevereiro de 2011 para criação do Cadastro Nacional de Livros.
O cadastro brasileiro deverá ter como referência de projeto a plataforma espanhola Dilve (Distribuidor de Información del Libro Español en Venta). A iniciativa, baseada na Internet, padronizará e centralizará todas as informações das obras produzidas e comercializadas no Brasil, beneficiando toda a cadeia produtiva do livro.
A ferramenta permitirá a consulta completa de dados sobre qualquer livro publicado no País. Além disso, facilitará o processo de busca e compra de livros, simplificando o trabalho de todos os agentes do setor editorial.
Serão especialmente beneficiados com a iniciativa editores de pequeno porte, pois terão a oportunidade de dar mais visibilidade e acesso aos seus catálogos de obras a livrarias e distribuidores, além de instituições governamentais que adquirem livros, e profissionais da cultura e da educação.
No âmbito das livrarias, a disponibilidade de informação segura e padronizada possibilitará que elas mantenham cadastros atualizados, sem a necessidade de manutenção de um sistema próprio e custoso. O padrão de dados do cadastro nacional de livros permitirá também que as informações disponíveis sejam compartilhadas com iniciativas semelhantes em grandes mercados editoriais no Exterior.
A versão oficial do cadastro para testes por todo o mercado editorial brasileiro estará no ar em julho de 2011.

Fonte: http://www.cbl.org.br/telas/noticias/noticias-detalhes.aspx?id=1604

terça-feira, 26 de abril de 2011

O livro e a Internet: cinco mitos sobre a idade da informação

Publication: Observatório da Imprensa - Jornal de Debates
Provider: Observatório da Imprensa

April 20, 2011
Translation powered by Google Translate
Por Robert Darnton em 20/4/2011

Reproduzido de The Chronicle of Higher Education,17/4/2011; este texto baseia-se numa palestra que o autor fez em março sobre o "Futuro das Humanidades", no Council of Independent Colleges Symposium, em Washington; tradução de Jô Amado

A confusão em torno da natureza da chamada idade da informação levou a uma situação de falsa consciência coletiva. Não é culpa de ninguém, e sim, um problema de todos porque ao tentarmos nos orientar no ciberespaço, frequentemente apreendemos coisas de forma errada e esses equívocos se disseminam tão rapidamente que são incorrigíveis. Considerados em seu conjunto, constituem a origem de uma proverbial não-sabedoria. Cinco deles se destacam:

1. "O livro morreu." Errado: são impressos a cada ano mais livros que no ano anterior. Até agora, foram publicados um milhão de novos títulos em 2011, no mundo inteiro. Na Grã-Bretanha, em um único dia – a "super quinta-feira", 1º de outubro de 2010 – foram publicadas 800 novas obras. Em relação aos Estados Unidos, os números mais recentes só cobrem 2009 e não fazem distinção entre livros novos e novas edições de livros antigos. Mas o número total – 288.355 – sugere um mercado saudável e o crescimento em 2010 e 2011 provavelmente será muito maior. Além disso, estes números, fornecidos por Bowker, não incluem a explosão na produção de livros "não-tradicionais" – mais 764.448 títulos produzidos por edições dos próprios autores ou editados, a pedido, por microempresas. E o negócio de livros também está crescendo em países emergentes, como a China e o Brasil. Qualquer que seja a forma de avaliar, a população de livros está crescendo, não decrescendo e, com certeza, não está morrendo.

Deterioração dos textos digitais

2. "Entramos na idade da informação." Este anúncio normalmente é entoado com solenidade, como se a informação não existisse em outras épocas. Mas toda era é uma era da informação, cada uma à sua maneira e de acordo com a mídia disponível nesse momento. Ninguém negaria que os modos de comunicação estão mudando rapidamente, talvez tão rapidamente quanto na época de Gutenberg, mas é um equívoco interpretar essa mudança como sem precedentes.

3. "Agora, toda a informação está disponível online." O absurdo dessa afirmação é óbvio para quem quer que já tenha feito pesquisa em arquivos. Somente uma mínima fração do material arquivado já foi lido alguma vez, muito menos foi digitalizado. A maioria das decisões judiciais, assim como a legislação – tanto estadual, quanto federal –, nunca apareceu na web. A imensa divulgação de regulações e relatórios por órgãos públicos permanece, em grande parte, inacessível aos cidadãos a quem diz respeito. O Google avalia que existem no mundo 129.864.880 livros e afirma ter digitalizado 15 milhões deles – ou cerca de 12%. Como conseguirá preencher a lacuna se a produção continuar a se expandir a uma média de um milhão de novas obras por ano? E como será divulgada maciçamente, e online, a informação em formatos não-impressos?

Metade dos filmes realizados antes de 1940 sumiu. Qual o percentual do atual material audiovisual que sobreviverá, ainda que numa aparição fugaz, na web? Apesar dos esforços para preservar os milhões de mensagens trocadas por meio de blogs, e-mails e instrumentos manuais, a maior parte do fluxo diário de informação desaparece. Os textos digitais deterioram-se muito mais facilmente que as palavras impressas em papel. Brewster Kahle, o criador do Internet Archive, avaliava, em 1997, que a média de vida de uma URL era de 44 dias. Não só a maioria das informações não aparece online, como a maioria das informações que alguma vez apareceu provavelmente se perdeu.

Transição para a ecologia digital

4. "As bibliotecas são obsoletas." Biblioteconomistas do país inteiro relatam que nunca tiveram tantos clientes. Em Harvard, nossas salas de leitura estão cheias. As 85 bibliotecas vinculadas ao sistema da Biblioteca Pública de Nova York estão abarrotadas de gente. As bibliotecas fornecem livros, vídeos e outro tipo de material, como sempre fizeram, mas também preenchem novas funções: acesso a informação para pequenas empresas, ajuda nos deveres de casa e atividades pós-escolares das crianças e informações sobre emprego para desempregados (o desaparecimento dos anúncios "precisa-se" nos jornais impressos tornou os serviços da biblioteca fundamentais para os desempregados).

Os biblioteconomistas atendem às necessidades de seus clientes de muitas maneiras novas, principalmente guiando-os através dos mistérios do ciberespaço para material digital relevante e confiável. As bibliotecas nunca foram armazéns de livros. Embora continuem a fornecer livros no futuro, também funcionarão como centros nervosos para a informação digitalizada – tanto em termos de vizinhança, quanto dos campi universitários.

5. "O futuro é digital." Relativamente verdadeiro, mas equivocado. Em 10, 20 ou 50 anos, o ambiente da informação será esmagadoramente digital, mas a predominância da comunicação eletrônica não significa que o material impresso deixe de ser importante. Pesquisa feita na História do Livro, disciplina relativamente recente, demonstrou que novos modos de comunicação não substituem os velhos – pelo menos no curto prazo. Na verdade, a publicação de manuscritos se expandiu após Gutenberg e continuou progredindo por três séculos. O rádio não destruiu o jornal, a televisão não matou o rádio e a internet não extinguiu a TV. Em cada caso, o ambiente de informação se tornou mais rico e mais complexo. É essa a experiência por que passamos nesta fase crucial de transição para uma ecologia predominantemente digital.

Leituras descontínuas

Menciono esses equívocos porque acho que eles atrapalham a compreensão das mudanças no ambiente da informação. Fazem com que as mudanças pareçam muito dramáticas. Apresentam as coisas fora de seu contexto histórico e em nítidos contrastes – antes e depois, e/ou, preto e branco. Uma visão mais sutil recusaria a noção comum de que livros velhos e e-books ocupam os extremos opostos e antagônicos num espectro tecnológico. Devia-se pensar em livros velhos e e-books como aliados, e não como inimigos. Para ilustrar esta afirmação, gostaria de fazer algumas breves observações sobre o mercado de livros – ler e escrever.

No ano passado, a venda de e-books (textos digitalizados criados para leitura manual) duplicou, respondendo por 10% das vendas no mercado de livros. Este ano, espera-se que atinjam 15%, ou mesmo 20%. Mas há indícios de que a venda de livros impressos também aumentou no mesmo período. O entusiasmo pelos e-books pode ter estimulado a leitura em geral e o mercado, como um todo, parece crescer. Novos leitores eletrônicos de livros, que operam como o ATM (protocolo de telecomunicações), reforçaram essa tendência. Um cliente entra numa livraria e solicita um texto digitalizado de um computador. O texto é baixado para o leitor eletrônico, impresso e entregue na forma de uma brochura em quatro minutos. Esta versão do serviço "impresso-por-pedido" mostra como o antiquado manuscrito pode ganhar vida nova com a adaptação à tecnologia eletrônica.

Muitos de nós nos preocupamos com a diminuição da leitura profunda, reflexiva, de ponta a ponta do livro. Deploramos a guinada para blogs, fragmentos de texto e tuítes. No caso da pesquisa, poderíamos reconhecer que os instrumentos de busca têm vantagens, mas nos recusamos a acreditar que eles possam conduzir ao tipo de compreensão que se adquire com o estudo contínuo de um livro.

Seria verdade, entretanto, que a leitura profunda diminuiu, ou mesmo que ela sempre tenha prevalecido? Estudos feitos por Kevin Sharpe, Lisa Jardine e Anthony Grafton provaram que os humanistas dos séculos 16 e 17 muitas vezes faziam leituras descontínuas, procurando passagens que poderiam ser usadas nas ácidas batalhas de retórica em juízo, ou pedaços de sabedoria que podiam ser copiados para livros banais e consultados fora de seu contexto.

Informação histórica

Em seus estudos sobre cultura entre pessoas comuns, Richard Hoggart e Michel de Certeau enfatizaram o aspecto positivo de uma leitura intermitente e em pequenas doses. Em sua opinião, cada leitor comum se apropria de livros (incluindo panfletos e romances de paixão) à sua maneira, induzindo-lhes o significado que faz sentido para sua compreensão. Longe de serem passivos, esses leitores, segundo Certeau, agem como "plagiadores", pescando um significado daquilo a que têm acesso.

A situação da escrita parece tão ruim quanto a da leitura para aqueles que só veem o declínio, com o advento da internet. Um deles lamenta-se: os livros costumavam ser escritos para o leitor comum; agora, eles são escritos pelo leitor comum. É evidente que a internet estimulou a autopublicação, mas o que há de errado nisso? Muitos escritores, com coisas importantes a dizer, nunca haviam conseguido uma editora para publicá-los – e quem achar seu trabalho de pouco valor, pode simplesmente ignorá-lo.

A versão online das publicações pagas pelo autor pode contribuir para sobrecarregar as informações, mas os editores profissionais se sentirão aliviados com esse problema e continuarão fazendo o que sempre fizeram – selecionado, editando, diagramando e negociando as melhores obras. Terão que adaptar seus talentos à internet – mas já o fazem – e podem tirar vantagem das novas possibilidades oferecidas pela nova tecnologia.

Para citar um exemplo de minha experiência, recentemente escrevi um livro impresso com um suplemento eletrônico, Poetry and the Police: Communication Networks in Eighteenth-Century Paris (Harvard University Press). Descreve como as canções de rua mobilizaram a opinião pública numa sociedade amplamente analfabeta. A cada dia, os parisienses improvisavam novas letras para antigas melodias e as canções fluíam com tamanha força que precipitaram uma crise política em 1749. Mas como é que as melodias alteravam seu significado? Depois de localizar as anotações musicais de uma dúzia de canções, pedi a uma artista de cabaré, Hélène Delavault, para gravá-las para o suplemento eletrônico do livro. Assim, o leitor pode estudar o texto das canções no livro ao mesmo tempo em que as escuta online. O ingrediente eletrônico de um antigo manuscrito torna possível explorar uma nova dimensão do passado, capturando seus sons.

Poderiam ser citados outros exemplos de como a nova tecnologia reforça velhos modos de comunicação, ao invés de miná-los. Não pretendo minimizar as dificuldades que enfrentam escritores, editores e leitores, mas acredito que uma reflexão com base na informação histórica poderia eliminar os equívocos que nos impedem de usufruir ao máximo da "idade da informação" – se assim a devemos chamar.

domingo, 27 de março de 2011

ORAÇÃO BIBLIOTECÁRIA

Senhor, faça-me disseminador das culturas
Não deixando que as idéias percam-se no tempo
Nem o saber padeça solitário nas molduras
Enquanto a ignorância semeia a terra pelo vento

Senhor, guie-me por entre estantes de conhecimentos
Com a certeza de ter a cada instante
Respostas a quem procura ensinamentos

Senhor, permita-me deixar olhos que procuram
Alcançar sempre as páginas imortais da humanidade

(Modesto, 08.03.78)

Oração do Bibliotecário

Senhor, tu me deste o dom da paciência e,
Mais do que ela, o de ouvidor;
De silenciar e de achar justificativas
Para cada "típico" usuário da informação
Que busca o meu auxílio.
Eu sou o elo entre a informação e a necessidade do usuário.
Eu sou o seletor dos documentos.
Eu sou o intérprete dos desejos alheios.
Faze, Senhor, que eu me policie diante da vontade
De interferência na necessidade de outrem.
Eu sou o leitor telegráfico e assíduo de tudo a que tenho acesso.
Faze, Senhor, com que eu saiba discernir entre o necessário
E o desnecessário, a fim de atender às pessoas.
Eu sou o protagonista de cenas isoladas e pesquisas exaustivas.
Faze, Senhor, com que eu possa ser assistido
Pelas pessoas certas.
Senhor, permite que eu me mantenha fiel
Ao compromisso de informar, indistintamente,
A todos que procurarem por uma informação.
Permite que eu não vacile diante dos trabalhos exaustivos.
Que eu não esmoreça diante das críticas.
Que eu não duvide da capacidade
De servir aos amantes da informação.
Permite que eu seja criativa a cada novo sol,
E, quando dele me afastar,
Seja porque me aproximei de ti para sempre.
Amém!

Autora: Maria Aparecida Sell

quinta-feira, 17 de março de 2011

Internet amplia o mercado de trabalho dos bibliotecários.
'Dificilmente um recém-formado fica desempregado', diz William Okubo.

Considerado organizador de informações e dicionário de sinônimos, o bibliotecário não vê seu mercado de trabalho ameaçado pela internet. Pelo contrário, William Okubo, de 36 anos, bibliotecário da Mário de Andrade, em São Paulo, diz que toda a informação, independente do formato, precisa ser organizada, e sites como o Google acabam ampliando o mercado para estes profissionais.

“Nem sempre a informática tem a solução para tudo. Organizar a informação será sempre necessário, por mais que a tecnologia se desenvolva, o homem estará por trás dela”, afirma Okubo.
Para Okubo, enciclopédias e dicionários podem cair em desuso, porém as bibliotecas ainda guardam documentos, memórias e histórias que não estão digitalizadas. “Pode acontecer de daqui a 50 anos, o bibliotecário não ter mais o espaço físico de trabalho dentro de um escritório, por exemplo. Vai trabalhar on-line, dando informações a distância e fazendo o trabalho de filtro para as pessoas não perderem tanto tempo pesquisando.”

O profissional formado em biblioteconomia está habilitado a trabalhar em bibliotecas e centros de documentação e memória. No curso de graduação, o estudante aprende técnicas e códigos para organizar acervos de livros, documentos ou fotografias.
Segundo Okubo, que se formou em 1998 pela Universidade de São Paulo (USP), o mercado de trabalho para os profissionais formados em biblioteconomia está aquecido em virtude do crescimento da economia. “Toda empresa produz conhecimento, e o bibliotecário pode atuar como buscador e organizador de informações. Dificilmente um recém-formado fica desempregado, a oferta de estágios é grande. E depois de formado se insere com rapidez.”

Cada livro publicado possui uma catalogação na fonte, é uma espécie de ficha onde há o endereço da obra que pode ser identificado no mundo todo. Por meio desta ficha que está cadastrada no sistema do computador das bibliotecas, os bibliotecários conseguem localizar determinado livro através do título, nome do autor, ou outro dado, em poucos minutos.

Outra função do bibliotecário é ter habilidade para interpretar o que usuário pesquisa. “Fazemos papel de dicionário de sinônimos. Quadrinhos podem ser chamados de HQ ou literatura em movimento. E tudo isto tem de estar no sistema”, diz.

Um dos desafios atuais dos profissionais, segundo Okubo, é criar uma rede nacional das bibliotecas, assim como ocorre nos Estados Unidos. No Brasil, a única iniciativa do gênero é a Unibibliweb que reúne em um portal os acervos da USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Fonte: http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/guia-de-carreiras/noticia/2011/03/guia-de-carreiras-biblioteconomia.html
Guia de carreiras: biblioteconomia
Vanessa Fajardo
Do G1, em São Paulo

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O futuro dos livros

“As tecnologias modificam o mundo, mas a natureza humana permanece a mesma. Se não fosse assim, best sellers como A Ilíada, os Salmos de Davi e Beowulf seriam ininteligíveis para nós hoje em dia. As tecnologias sucessivas da linguagem, da escrita e dos tipos móveis colocaram ferramentas cada vez mais poderosas nas mãos dos contadores de histórias, ferramentas cujos usos eram inimagináveis quando essas tecnologias foram criadas. Ficará a cargo dos nossos filhos e de seus filhos o aprendizado do significado das tecnologias que hoje despontam no horizonte. A produção de livros como eu a conheci já está obsoleta, mas a definidora arte humana de contar histórias sobreviverá à evolução das culturas e de suas instituições como sempre o fez.. As novas tecnologias modificam o mundo mas não apagam o passado nem alteram o genoma.

“Os livros como objetos físicos não perecerão para serem substituídos por sinais eletrônicos lidos em luminosas telas que cabem na palma da mão. Tampouco desaparecerão as livrarias. Mas doravante passarão a coexistir com um vasto catálogo multilíngue de textos digitalizados, compilados de uma profusão de fontes, talvez ‘etiquetados’ para uma fácil referência e distribuídos eletronicamente. De seus computadores domésticos os leitores poderão transferir deste catálogo os materiais por eles selecionados para máquinas capazes de imprimir e encadernar a pedido exemplares unitários, máquinas estas que estarão disponíveis em inúmeros locais remotos e quem sabe, por fim, em suas próprias casas. Este local poderá ser um quiosque na esquina da minha rua em Manhattan, enquanto os leitores nas margens do Nilo ou no sopé do Himalaia terão acesso similar à sabedoria do mundo em seus próprios quiosques vizinhos. A tecnologia apropriada, em embrião, já está disponível, e eu a vi. O futuro que essa tecnologia implica não pode ser evitado. Eu o aguardo com assombro e ansiedade.” (p.11-12)

(Fonte: EPSTEIN, Jason. O negócio do livro: passado, presente e futuro do mercado editorial. Rio de Janeiro: Record, 2002. 170p.)

O QUE FAZEM OS BIBLIOTECÁRIOS?

"Trata-se de verdade incontestável o fato de a biblioteca mostrar-se essencial ao crescimento, desenvolvimento e, sobretudo, à transformação
das pessoas.

Sem exigir horários nem uniformes, ela propicia a cada indivíduo a liberdade de conhecer o que quiser, quando quiser e como puder, em
diferentes suportes (impressos, audiovisuais, cartográficos, ciberespaciais, entre outros), sem nada cobrar em troca; assegura a
oportunidade de alcançar, ver, tocar, familiarizar-se com os mais diversos registros do conhecimento; oferece alternativa para escolha dos registros do conhecimento de interesse a cada um.

Se alguns levianos presumem-na morta e enterrada, a biblioteca renasce das cinzas qual fênix egípcia, simbolizando o deus sol e recriando-se.

Outra verdade estabelecida é o fato de haver diferentes tipos de bibliotecas. Cada país tem uma - e geralmente apenas uma - Biblioteca
Nacional, destinada a preservar, disseminar e prover acesso à cultura e à produção bibliográfica (em sentido amplo) de uma nação, de um povo. Mais do que um patrimônio nacional, esse tipo de biblioteca faz-se patrimônio universal, na medida em que a cultura de um é parte da cultura do todo. Ao mesmo tempo em que olha para fora, para o mundo, uma Biblioteca Nacional precisa olhar para dentro e não somente preservar, mas difundir este patrimônio a seus concidadãos.

Os demais tipos de bibliotecas, ou centros de documentação, ou centros de informação, entre outras denominações, destinam-se a públicos específicos, mesmo que se refiram às incontáveis e diferenciadas parcelas de habitantes de uma determinada comunidade, município ou estado.

Seja qual for o seu tipo, portanto, cabe à biblioteca salvaguardar a história e os documentos relativos à comunidade ou à parcela de
habitantes. Para tanto, há múltiplas funções a serem desenvolvidas, funções estas que requerem um profissional habilitado: o bibliotecário.

Cabe ao bibliotecário coletar obras, em quaisquer suportes, de interesse do público a ser atendido, para incorporação ao acervo. Ele necessita
conhecer as características de edição, a seriedade das editoras e dos autores, sua competência no assunto, seu zelo pela língua portuguesa, seja nos originais ou nas traduções, suas diferentes visões de mundo, intérpretes, diretores, enfim, saber distinguir entre a boa qualidade de
uma edição e a pura especulação comercial.

Cabe ao bibliotecário organizar o acervo, físico ou ciberespacial. Após selecionadas e coletadas, as obras necessitam de organização, visando a seu acesso pelo público, sob diversos enfoques de busca e recuperação. O bibliotecário conhece as normas e procedimentos para o intercâmbio nacional e internacional de informações bibliográficas e para adequação ao público.

Cabe ao bibliotecário disseminar as obras, por meios vários, inclusive ações culturais.

Cabe ao bibliotecário manter-se atualizado quanto às novas tecnologias voltadas à área biblioteconômica e a seus usuários.

Cabe ao bibliotecário manter-se atualizado quanto à cultura, à sociedade de modo geral e à comunidade em particular, de modo a promover a
cidadania, a ética e a cultura da paz.

Cabe ao bibliotecário comunicar-se com o público, tornando o espaço biblioteconômico, tanto físico como ciberespacial, um lugar agradável e de lazer.

O hábito da leitura e do uso das instituições bibliotecárias desenvolve-se desde a mais tenra infância, ainda na pré-escola; estende-se ao longo da vida e permanece durante a terceira idade, caso se crie e se mantenha de forma adequada.

O bibliotecário, e somente ele, recebe formação consentânea e especializada para o cumprimento de todas essas funções, sendo portanto
indispensável ao adequado funcionamento da biblioteca ou do centro de documentação e informação.

O bibliotecário é partícipe ativo da cidadania e da transformação de cada indivíduo."

Subscrevem este documento:

Profª Drª Eliane Serrão Alves Mey - UFSCar (aposentada) e pesquisadora FAPERJ

Prof. Dr. Marcos Luiz Miranda - unirio*, Diretor da Escola de Biblioteconomia

Profª Drª Elisa Campos Machado - unirio

Profª Maria Tereza Reis Mendes - unirio

* A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO - compreende o mais antigo Curso de Biblioteconomia do país, que celebra 100 anos em 2011.